20.5.15

O Cristianismo sem Cruz.

Penso ser importante refletirmos sobre este tema, em função da seriedade e pertinência que ele possui nos dias atuais.

É muito triste perceber a indiferença que tem tomado conta do povo de Deus neste tempo presente e que trazem grandes desafios morais e espirituais para nós.

Esta situação vem se firmando, em grande parte, por culpa de muitos “pregadores pseudo-pentecostais” que levam os membros das igrejas a praticarem um tipo de cristianismo sem sofrimento, sem doença, sem dificuldade financeira, sem rejeição, sem descontentamento, sem dor, enfim, sem cruz.

As pessoas estão aceitando a Cristo como Salvador, porém, imaginando que essa decisão se equivale ao ato de tomar uma vacina que as tornam imunes a todos os males e problemas desta vida, colocando-as de fora dos dilemas humanos. E isso não é verdade!

Que Deus é o Todo Poderoso ninguém duvida. Que Ele quer abençoar os seus filhos também é uma crença corrente. Mas não podemos alimentar o ensino equivocado da prosperidade e da bênção incondicional, sem a mínima fundamentação bíblica como alguns vêm propagando. Estes “pregadores pseudo-pentecostais” dizem que Deus vai dar tudo a todos como se Ele estivesse a serviço do cristão.

Pensar e agir como se as coisas fossem tão fáceis e simples assim é aceitar e propagar uma espécie de anticristianismo. Afinal, as dores que sofremos também devem ser consideradas como bênçãos de Deus, porque sem elas não teríamos como diagnosticar as doenças e valorizar a saúde.

O homem moderno está mesmo é em busca de facilidades, comodidades e prazer a todo custo. É por isto que a ciência e a tecnologia vêm fazendo grandes esforços para responder a contento os anseios de satisfação e o grau de exigência das pessoas.

Como consequência dessa busca insaciável, o ser humano tem se tornado doente.

Nunca os consultórios de analistas e psiquiatras foram tão frequentados como nos dias de hoje e as pessoas jamais consumiram tanto medicamento para resolver os problemas de insônia e depressão, causados pela infelicidade, angústia e tristeza de corações vazios.

Esta situação, visível em grande parte, tem sido gerada por uma expectativa falsa, pois o ser humano não foi criado para o prazer, mas sim para desafios e realizações.

Lamentavelmente, muitas seitas e inúmeras igrejas evangélicas têm caído na tentação de apresentar um “cardápio de facilidades” repleto de promessas sem apoio bíblico como se o cristianismo fosse um balcão negócios, onde se vende sonhos e ilusões para manter acesa a falsa esperança de muitos pobres e miseráveis que são levados a acreditar que o verdadeiro cristão não passa por tribulações.

Ninguém tem o direito de alimentar falsas esperanças no povo de Cristo. Muito menos aqueles que atuam como mensageiros do Deus Altíssimo.

Esta situação fica ainda mais agravada quando nos deparamos com a adesão de muitos líderes de igrejas históricas e biblicamente tradicionais no que diz respeito à prática e divulgação da sã doutrina; igrejas que até pouco tempo consideradas sérias no compromisso irrestrito com o evangelho.

É nítido vermos muitos lideres destas igrejas que, influenciados por estas ideias estapafúrdias, se valerem de programas televisivos, de rádio e, principalmente, da música gospel para enfatizar o “Ter” em lugar do “Ser”.

Com a predominância deste sentimento nada saudável, que vem sendo disseminado e facilmente assimilado, os novos crentes estão se tornando cada vez mais indiferentes aos grandes desafios da fé cristã.

Frequentam os cultos quando podem, contribuem quando sobra, oram quando têm problemas, leem a Bíblia quando vão à igreja e, com algumas poucas e boas exceções, difamam, fazem intriga, se opõem aos pastores e cometem os mesmos erros de pessoas que ainda não tiveram um encontro pessoal com Cristo.

Este é o Cristianismo sem Cruz e, por conseguinte, sem Cristo.

Lembremo-nos que Jesus condenou com veemência o comportamento dos religiosos de sua época, porque não tinham compromisso autêntico com a essência da fé apostólica.

Para Jesus, o Cristianismo não era nem nunca seria uma filosofia adotada e de simples prática. O Cristianismo é sim um estilo de vida comprometido com os valores eternos, que se traduzem em justiça social, amor ao próximo, respeito mútuo e submissão à vontade de Deus.

Mas é só pela Cruz que somos capazes de viver este estilo de vida; um estile de vida que nos é traduzido no trilhar constante de um caminho de sacrifícios e de submissão, que gera em nós o amor e a compaixão capazes de nos reconciliar com Deus, além de nos aproxima uns dos outros.

Aqueles que desejam encontrar-se com Cristo naquele dia não têm outra opção se não esta: seguir o caminho da vida à sombra da própria Cruz.

Que Deus te abençoe.